Guarda-me como a menina dos teus olhos, sei que ela pode ser mil, mas não existe outra igual.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Quem matou o amor?
Houve uma vez, na história do mundo, um dia terrível, em que o Ódio - rei dos maus sentimentos, dos defeitos e das más virtudes - convocou uma reunião com todos os seus súbditos.
Todos os sentimentos escuros do mundo e os desejos mais perversos do coração humano chegaram a essa reunião com muita curiosidade, porque queriam saber qual o motivo de tanta urgência.
Quando todos já estavam presentes, falou o Ódio:
- Reuni todos vocês aqui porque desejo com todas as minhas forças matar alguém!
Ninguém estranhou muito, pois era o Ódio quem estava falando e ele sempre queria matar alguém, mas perguntaram-se quem seria tão difícil de matar que o Ódio necessitaria da ajuda de todos.
- Quero matar o Amor - disse o Ódio
Muitos sorriram com maldade, pois mais de um ali tinha a mesma vontade.
O primeiro voluntário foi o Mau Carácter:
- Eu irei e podem ter certeza que em um ano o Amor terá morrido. Provocarei tal discórdia e raiva que não vai suportar.
Depois de um ano se reuniram outra vez e, ao escutar o relato de Mau Carácter, ficaram decepcionados.
- Eu sinto muito. Bem que tentei de tudo, mas cada vez que eu semeava discórdia, o Amor superava e seguia seu caminho.
Foi então que muito rapidamente se ofereceu a Ambição para executar a tarefa. Fazendo alarde de seu poder, disse:
- Já que o Mau Carácter fracassou, irei eu. Desviarei a atenção do Amor, com o desejo por riqueza e pelo poder. Isso, ele nunca irá ignorar.
E começou, então, a Ambição o ataque contra a sua vítima. Destruído, o Amor caiu ferido. Mas, depois de lutar arduamente, curou-se: renunciou a todo desejo exagerado de poder e triunfo.
Furioso com o novo fracasso, o Ódio enviou os Ciúmes. Estes bufões perversos inventaram todo tipo de artimanhas e situações para confundir o Amor. Machucaram-no com dúvidas e suspeitas infundadas. Porém, mesmo confuso, o Amor chorou e pensou que não queria morrer. Com valentia e força se impôs sobre eles e os venceu.
Ano após ano, o Ódio seguiu em sua luta, enviando a Frieza, o Egoísmo, a Pobreza, a Enfermidade e muitos outros. Todos fracassavam sempre.
O Ódio, convencido de que o Amor era invencível, disse isso aos demais:
- Nada podemos fazer. O Amor suportou tudo. Levamos muitos anos insistindo e não conseguimos.
De repente, de um cantinho do auditório, se levantou um sentimento pouco conhecido e que se vestia todo de preto. Com um chapéu gigante, ele mantinha o rosto encoberto. Seu aspecto era fúnebre como o da morte.
- Eu matarei o Amor - disse com segurança.
Todos se perguntavam quem seria esse pretensioso que, sozinho, pretendia fazer que nenhum deles havia conseguido.
O Ódio ordenou:
- Vá e faça!
Havia passado pouco tempo quando o Ódio voltou a convocar a todos para comunicar que finalmente o Amor havia morrido. Todos estavam felizes, mas também surpresos. E o sentimento do chapéu preto falou:
- Aqui eu entrego a vocês o Amor totalmente morto e esquartejado.
E sem dizer mais palavra, encaminhou-se para a saída.
- Espera! - determinou o Ódio, dizendo:
- Em tão pouco tempo você o eliminou completamente, deixando-o desesperado e, por isso mesmo, ele não fez o menor esforço para viver! Quem é você afinal?
O sentimento pela primeira vez levantou seu horrível rosto e disse:
- Eu sou a INDIFERENÇA.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário